30.11.11

Pode a política europeia para o Médio Oriente ser refém da questão cipriota?

É notícia na Turquia a possibilidade de Chipre ter vetado um convite ao Ministro dos Negócios Estrangeiros para participar na reunião de amanhã sobre a Síria. São conhecidas as razões diplomáticos para este veto, mas ele demonstra à saciedade os impasses da União Europeia em relação ao que se passa na região.
A Turquia é o país que mais influência ganhou com a Primavera àrabe em importância diplomática. Nas eleições livres da Tunísia e de Marrocos, os partidos-irmãos do partido no poder na Turquia ganharam as eleições. Provavelmente no Egipto vai acontecer o mesmo. A oposição síria reune-se em segredo e coordena operações em cidades turcas. Ainda hoje é notícia que houve um encontro secreto entre várias facções sedeadas no estrangeiro e a ala dissidente das forças armadas na cidade fronteiriça de Hattay.
Tudo aponta no sentido de que, provavelmente, a recente experiência de governo de um partido democrata-islâmico passe de uma excepção permitida pela institucionalização da democracia na Turquia a um modelo de governo hegemónico na região. Não é difícil imaginar que os partidos-irmãos que podem vir a estar no poder simultaneamente em vários países terão coordenação entre si e que a Turquia terá, por diversas razões, ascendente sobre estes novos regimes.
Pode parecer sobranceiro da parte da diplomacia turca, mas quando diz que é a União Europeia que perde em influência se não os convidar e não aproveitar a sua influência está carregada de razão. A verdade é que a política europeia para o Médio-Oriente não pode ser refém da questão cipriota, sob pena de ser irrelevante.

2 comentários:

ACC disse...

Pode a Turquia impedir que Cipre, um país da União Europeia, utilize o seu espaço aéreo e o mesmo é dizer que impede a EU de o utilizar?
Pode a Turquia continuar a comportar-se com os curdos como até aqui? Pode a Turquia ser continuamente sobranceira com a EU?
O problema da EU não reside nas políticas de protecção dos seus membros. Reside exactamente nas políticas não gegárias.
O problema dos governos dessa zona do mediterrâneo é um sinal dos tempos; da evolução do mundo desde a queda do muro de Berlim~. Não seria diferente se a EU fosse mais premissiva com a Turquia. Por causa de CY ou de outra desculpa que a ela inventasse.
A questão Turca reside na sua dificuldade em ter alguma humildade, pela sua dimensão, e consequentemente pelo peso que julga poder ter na União Europeia.

José Gonçalves Cravinho disse...

Tudo é consentido à Turquia porque
ela àlém de fazer parte da Horda mercenária da Nato,situa-se num ponto geográfico estratégico que é interessante para anglo-saxão Imperialismo.Quanto aos curdos,pois
o anglo-saxão Imperialismo e a União Europeia não reconhecem o seu direito à independência como
fizeram pela fôrça das armas,com os albaneses que se assenhoriaram
de Kosovo,uma Província da Sérvia para onde haviam emigrado.
A Turquia ocupa militarmente uma
parte de Chipre e de lá não sai porque o anglo-saxão Imperialismo
e a U.E.lhe dão cobertura.