4.2.13

Prostes da Fonseca

Quando googlei em busca da imagem de José Manuel Prostes da Fonseca, o motor de pesquisa devolveu-me um traço essencial da sua personalidade. Muitas imagens, nenhuma dele.  É-me difícil pensar em pessoa mais discreta e mais correcta entre todas as que conheço.
Não me lembro de o ouvir levantar a voz ou saír do registo mais polido que se possa imaginar. Nem me lembro de o ter visto falhar uma vez um compromisso sem aviso prévio e pedido de desculpas.
Praticamente tudo o que sei do fervilhante reformismo educativo que se iniciou em meados da década de 60 e deu origem à reforma Veiga Simão e às sucessivas vagas democratizadoras da educação deriva da paciência que teve para me contar essa parte da sua vida.  Um dia alguém há-de contar a história da geração que  rompeu com o salazarismo educativo e o papel que teve nesse movimento o famoso GEPAE a que pertenceu.
Tendo sido Secretário de Estado e Director-Geral no Ministério da Educação e após três ou quatro décadas de experiência, dedicava-se às aulas de sociologia da educação, disciplina que leccionámos juntos, como se fosse um jovem em princípio de carreira. Tendo sido Presidente do Conselho Directivo do ISCTE, dedicava-se aos projectos de formação como se essa fosse a sua primeira e tarefa de maior responsabilidade na casa.
O Engº Prostes da Fonseca tinha motivos para ser um homem amargo com a vida, que não o isentou de provações. Mas será sempre para mim - e para os que o conheceram melhor que eu - exemplo de como é possível extrair das dificuldades alento para viver bem consigo próprio, estoicamente, no seu caso.

4 comentários:

nuno ivo gonçalves disse...

Julgo saber a que provações se refere.

Conheci-o apenas numa breve passagem em 1993/94 pelo Ministério da Educação e ainda outro dia recordei numa conversa com um colega um seu comentário pertinentíssimo na altura sobre a generalização da autonomia administrativa (com tesouraria própria) a Direcções-Gerais sem a ajuda de um Conselho Administrativo.

ALMERINDA tEIXEIRA disse...

O Engº Prostes da Fonseca foi meu chefe, durante muito pouco tempo, no Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação.Depois de "mortos", todos são bons.É o comum estereótipo. Mas Prostes da Fonseca era de facto um homem bom, generoso, afável, que dedicou a sua vida ao serviço público na área da educação.

Anónimo disse...

Obrigado.

António Landeira

Cláudio Teixeira disse...

Trabalhei com o Engº Prostes da Fonseca no IPE, no Centro de Formação em Gestão (CIFAG)do qual foi director. Sempre apoiou os meus projectos quer de formação quer de desenvolvimento organizacional, com introdução participativa de "novas formas de organização do trabalho", quer ainda de desenvolvimento local participado. Apoiou a minha entrada no ISCTE.O seu trato afável e especialmente a sua calma ajudavam-me a temperar a minha impaciência.
É com gratidão que o recordo